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quinta-feira, 14 de março de 2013
O Vazio Criador
Existe um ponto em que você parte para o tudo ou nada, onde está diante de um caminho em que pode desistir ou prosseguir - e é aí em que quase todos desistem. Eu chamo esse ponto de "Vazio Criador".
Na hora de compor minhas músicas, quase sempre atravesso esse "vazio". Muitas das minhas composições me vem à mente quando estou trabalhando, me divertindo, caminhando, assistindo TV. São pequenas estrofes que tomo o cuidado de anotar mentalmente e gravá-las logo em seguida (caso contrário as esqueço e perco completamente - já perdi muitas melodias bonitas assim). Um dia escolho uma e inicio o processo de gravação.
Mas quando não tenho interesse de gravar nada pronto, sento-me diante do teclado e inicio a esmo uma nova canção. Vou moldando as notas, criando solos. Algumas vezes porém surge um imenso vazio, um nada absoluto. Continuo tentanto, surgem alguns acordes, mas que nada contribuem para uma canção interessante. O Vazio Criador está ali, eu sei disso, pronto a me dar uma grande inspiração, mas a vontade de parar e iniciar outro trabalho toma conta de mim. Tenho vontade de desistir e começar outra composição.
Então eu insisto, porque já fiz isso outras vezes. Quando achei que a canção estava perdida, fui em frente. Passei horas, dias trabalhando na mesma obra que parecia nunca ficar boa. Até que finalmente as peças se encaixam, a melodia flui. Instrumento por instrumento, nota por nota, tudo vai se harmonizando e depois de alguns dias (ou semanas) a música está pronta. Um exemplo é minha música "Aldebaran & Antaris", uma das minhas preferidas de tudo o que compús e minha preferida do álbum "A Busca Spiritual".
Quantos de nós não chegou nesse ponto, não encarou o Vazio Criador e desistiu daquilo que para nós nos era querido? Um trabalho, um hobby, uma idéia, um sonho. Sim, todos nós já abraçamos e seguimos um caminho por empolgação para desistirmos dele logo em seguida (eu mesmo já fiz isso várias vezes). Mas eu não falo de coisas transitórias, não falo de pequenas atitudes tomadas por impulso e sem pensar - essas podemos voltar atrás, quando queremos, sem medo e sem culpa (cuidado apenas com suas palavras e com a frequência disso, quanto mais você dá sua palavra e volta atrás, menos você passa a acreditar e confiar em si mesmo). Falo daquilo que mais gostamos, que acreditamos ser algo fantástico, ser nossa missão, nosso objetivo e que, num momento de Vazio e de dificuldade, desistimos. O Vazio Criador nos derrotou.
Neste momento eu costumo analisar o nome do "fantasma" que me assombra e por qual motivo lhe dei esse nome: Vazio Criador. Porque me deixa em dúvida quando na verdade é um momento de inspiração disfarçada, onde me pergunto "Será que vale a pena prosseguir?". Mas que quando chego perante o Vazio eu simplesmente prossigo, com a impressão de estar teimoso, mas sabendo ser a atitude necessária neste caso. Pode ser difícil, cansativo, exigir horas de dedicação, mas eu sigo em frente. E por levar em conta apenas o objetivo primordial "É isso que eu faço, é isso que escolhi e que dá sentido à minha vida", eu encontro incentivo para prosseguir. E mesmo com dificuldades, mesmo com as dúvidas querendo frear o meu entusiasmo, a perseverança me faz vencer e finalizar meu trabalho com êxito. Porque o Vazio Criador é aquele que cria, apesar de querer nos deixar na inércia. Porque nos mostra que tudo na vida exige de nós comprometimento, força de vontade, persistência e fé. O Vazio Criador é uma ponte e a vida nos cobra um preço para cruzá-la. E somente aqueles que estão dispostos a pagar esse preço conseguem atravessá-la.
www.lis-andros.com
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